Em um mundo pautado pela velocidade, extração e distanciamento da natureza, o artista Saulo Szabó propõe um gesto inverso: escutar o chão. A exposição “Tudo que Fica sem Ser Visto” apresenta uma série de obras e instalações que emergem da fricção entre corpo, paisagem e arquitetura, acionando a terra — e seus vestígios — como matéria viva e agente de memória.Coletando matérias vegetais e minerais em um incessante percurso pela natureza — fragmentos de solo, pedras, resíduos, galhos -- Szabó reconfigura o gesto artístico como prática de escuta e cuidado. Em suas frotagens feitas em cachoeiras, o atrito entre rocha, papel e, no caso da cachoeira de Boiçucanga, lixo urbano, compõem uma cartografia da erosão — tanto física quanto ética — de um território em exaustão. A instalação ocupa os 15 metros da sala expositiva da Galeria Lume como um fluxo suspenso, um rio de lembrança e alerta.