Em sua primeira exposição individual, o artista autodidata Raphael Oboé apresenta obras que evocam uma relação ancestral entre corpo, barro e território. "Ferida Aberta" reúne peças moldadas a partir de argilas selvagens, chamote e areia coletadas nos arredores da Serra do Japi, região onde o artista vive e desenvolve sua prática. Mais do que matéria, para Oboé o solo é memória viva — um arquivo silencioso que pulsa através do gesto e do tempo.Cada etapa do processo é parte de um rito: a argila é lavada e transformada com paciência; a superfície, polida com cristais rolados até alcançar o brilho sutil da bruñida; a queima é feita em um forno a lenha construído por ele, no qual o fogo, em semi-redução, imprime marcas únicas nas peças. São obras que resultam de um diálogo íntimo com os elementos e revelam respeito pela natureza e seus ritmos.