O Castelo de Barba Azul, única ópera do compositor húngaro Béla Bartók, com libreto de Béla Balázs, é uma obra simbolista de grande profundidade psicológica. Baseada numa conhecida fábula de transmissão oral codificada no século XVII por Charles Perrault, O Castelo de Barba Azul tem apenas dois personagens: o próprio nobre e misterioso Barba Azul e Judith, sua nova esposa. A angustiante trama, de portas fechadas e proibidas à jovem esposa de Barba Azul, dá origem a uma das partituras mais ricas do repertório da ópera moderna.Sete portas trancadas e um clima de iminente ameaça fazem da tensa jornada de descobertas de Judith uma viagem às profundezas da psiquê humana, representada pelo próprio castelo que dá título à ópera. Castelo que custodia a solidão e a escuridão de Barba Azul, e que sangra a cada porta aberta.Em O Olhar de Judith, ópera especialmente comissionada e estreada em 2022, a libretista Mara Lee e a compositora Malin Bang, ambas suecas, reescrevem a história do ponto de vista da personagem-título. Judith não quer mais abrir as portas do castelo de Barba Azul, quer destrancar as suas próprias. Viajando ao subconsciente (ou ao seu próprio castelo), Judith encontra seus medos e desejos e a ópera revela a subjetividade dessa personagem que viveu à sombra e escuridão do marido.Esta coprodução internacional com o Muziektheater Transparant (Bélgica), com direção cênica de Wolter Van Looy, é um double bill que combina de forma complementar a icônica ópera expressionista de Bártok e a ópera contemporânea e revolucionária O Olhar de Judith.Wouter Van Looy é um participante ativo no mundo internacional da ópera e do teatro musical. É diretor residente e codiretor artístico do Muziektheater Transparant.