A partir de um olhar minucioso sobre livros e bibliotecas como estruturas de poder, memória e validação do saber, Lucas Dupin apresenta a exposição "Na infinita soma dos possíveis", com texto curatorial de Lorraine Mendes. Manipulando publicações consideradas obsoletas — como enciclopédias, almanaques médicos e jurídicos, dicionários e gramáticas — o artista reconfigura esses vestígios do conhecimento ocidental em obras que subvertem sentidos fixos e constroem um arquivo fluido, aberto ao tempo, à dúvida e à multiplicidade de leituras.No ateliê do artista, instalado num terraço luminoso de um edifício residencial em Belo Horizonte, convivem livros, plantas, objetos simbólicos e ferramentas de ofício. É desse espaço que emergem as obras, moldadas por uma prática artesanal rigorosa e sensível. Bronze, papel, tinta, aquarela, latão e douramento se encontram em composições que não apenas acumulam camadas de tempo, mas também tensionam a ideia de permanência. Como nas ideias de Derrida — que inspiram o título da mostra — o sentido escapa, se transforma e se reconfigura continuamente.O gesto de Dupin é também editorial: ao cortar, remontar e relacionar conteúdos distintos, o artista organiza suas próprias bibliotecas — móveis, sensíveis, instáveis.