O espetáculo mistura diferentes linguagens artísticas para propor uma imersão nos efeitos da crise climática.Idealizado pela diretora geral e encenadora Beatriz Barros e pela produtora e atriz Jennifer Souza, o espetáculo parte da premissa de que o capitalismo é um dos motores da degradação ambiental e das desigualdades sociais que dela decorrem. Desde 2023, as criadoras em conjunto com a Frente Coletiva (coletivo de artistas transdisciplinares) pesquisam o tema, tendo como ponto de partida o romance Parábola do Semeador, da escritora afro-americana Octavia Butler (1947–2006), referência central do afrofuturismo. Publicado em 1993, o livro retrata o mundo em 2025 em puro colapso climático, e essa atmosfera foi o ponto de partida para a construção de narrativas mais próximas do cotidiano contemporâneo.A dramaturgia original - escrita por Louise Belmonte com colaboração da diretora e das intérpretes - se constrói por meio de uma linguagem cênica que provoca sensações físicas e emocionais: sons de chuvas intensas, trovões, falhas de energia, vento e água em cena criam um ambiente de instabilidade constante. Beatriz destaca que o som tem um papel fundamental nessa narrativa e que a presença da água no cenário interfere diretamente nas interpretações, tornando a encenação uma verdadeira orquestração de experiências sensoriais.