Exposição individual de Felipe Góes. Com texto curatorial de Renata Rocco, a mostra reúne o conjunto de 8 pinturas que evocam paisagens em constante formação, erosão e reinvenção.O ponto de partida conceitual da exposição emerge do encontro entre a obra do poeta Manoel de Barros (1916-2014) e o fenômeno natural que originou Surtsey — ilha formada no Atlântico sul da Islândia em decorrência de uma erupção vulcânica entre 1963 e 1967. Desde a erupção, Surtsey vem sendo moldada pela erosão dos ventos e do mar, que já reduziu a ilha a quase metade de suas dimensões, em um ciclo contínuo de feitura e desfazimento. Esse processo ressoa diretamente no gesto pictórico de Góes: camadas sucessivas de tinta cobrem parcialmente tentativas anteriores de forma, revelando e ocultando memórias, fantasias e construções imagéticas. Nesse sentido, a exposição dialoga com a poética de Manoel de Barros, poeta brasileiro do século XX cuja obra se debruça sobre a reinvenção do olhar para o mundo ordinário.