
Um ator-palestrante propõe um jogo imaginativo: como países distantes podem compartilhar a mesma fronteira simbólica? A partir de uma distopia inspirada em fatos reais, ele mistura ficção e autobiografia para denunciar a homofobia institucional e afirmar a alegria como ato revolucionário de resistência e reinvenção. No caso, a da violência engendrada pela homofobia institucional. Para isso, o ator-palestrante parte das notícias reais sobre a existência de prisões para homossexuais na República da Chechênia em pleno século XXI, para criar uma ficção distópica que é atravessada, a todo tempo, por sua própria história, revelando os meandros violentos por onde essa homofobia institucional se insinua na vida de pessoas dissidentes de gênero. Mas, em algum momento, a ficção precisa ser recusada para que a própria história do ator-palestrante seja reinventada e, assim, o ciclo da violência se torne obsoleto e não mais se perpetue. Afirmar a alegria e a viabilidade da vida é o caminho mais revolucionário para se falar, hoje, sobre a dissidência.