Exposição individual da artista Celina Portella, intitulada "Uma, nenhuma e cem mil". A mostra reúne um conjunto inédito de trabalhos em vídeo, fotografia, gravura e instalação, aprofundando as investigações da artista sobre corpo, matéria e percepção — agora, também com ênfase na fragmentação da imagem e seu ocultamento. O título remete ao romance de Luigi Pirandello que conta o impasse existencial de um sujeito que se vê dividido entre a imagem que tem de si e as múltiplas imagens projetadas sobre ele pelo olhar do outro. Assim como na obra literária, a artista parte do princípio que cada imagem é, na verdade, um reflexo das subjetividades alheias – e é precisamente esse jogo de percepções que constitui o cerne de sua investigação. Ao ocultar o rosto em diversas obras, a artista retira da figura a sua marca mais evidente de identidade, abrindo espaço para leituras que ultrapassam o autobiográfico. Celina tem interesse por um corpo-sem-identidade, capaz de representar muitos outros. Em vez de afirmar uma individualidade fixa, ela opera uma dissolução do eu em multiplicidade: o corpo como um campo fluido, dividido entre o um, o nenhum e os cem mil.