Com a maestria da dramaturgia de João Sanches, a envolvente trilha sonora ao vivo de Adriano Salhab e o hipnotizante vídeo ao vivo de Igor Marotti, "Boca a Boca" é uma ode à resiliência da palavra. Desde sua estreia em 2015 no prestigiado Instituto Camões, em Lisboa, e suas dezenas de apresentações em São Paulo, Bahia e Berlim, o espetáculo evoluiu. A nova versão incorpora sugestões preciosas do especialista, músico e intelectual José Miguel Wisnik, e desvela poemas que, apesar de escritos há séculos, revelam-se perturbadoramente contemporâneos.A obra é um resgate apaixonado da importância de Gregório de Matos, o poeta baiano nascido em 1636, considerado o verdadeiro iniciador da literatura brasileira. Conhecido por suas críticas afiadas e debochadas à sociedade do século XVII, que lhe valeram os apelidos de “Boca do Inferno” e “Boca de Brasa”, Gregório foi exilado, banido de sua amada Bahia. "Queremos trazer Gregório de volta para a Bahia e mostrar o quanto ele é atual", comenta João Sanches, em um grito de justiça poética: "queremos dar um solo para Gregório".