Em “Arquiteturas da Aguá”, Osvaldo Gaia transforma a escuta da água em matéria escultórica. Inspirado na convivência com mestres curralistas da região amazônica — artesãos e arquitetos da água que constroem engenhos de pesca guiados pelas marés — o artista propõe uma travessia entre técnica, corpo e paisagem. Suas esculturas, feitas de madeira de demolição, linha e chumbo, prolongam uma sabedoria ribeirinha ancestral, onde o gesto de construir é também o gesto de escutar.No centro da exposição cinco obras se articulam como um labirinto aquático, convidando o visitante a mover-se pelo corpo, e não apenas pelo olhar. As estruturas de Gaia evocam o ritmo do rio e o peso da corrente, revelando a inteligência dos materiais e a força dos gestos que moldam a matéria. Ao evocar o universo das armadilhas e engenhos, Gaia reflete sobre como o conhecimento é produzido e transmitido — e sobre quais corpos são autorizados a produzi-lo.