
A mostra nasce do encontro simbólico entre o rio Charente, que atravessa a região da Nova-Aquitânia, e o sistema Tietê-Pinheiros, eixo fluvial que estrutura a metrópole paulista. Entre as duas margens, a exposição se transforma a cada etapa, incorporando novas obras, montagens e relações. A curadoria parte da ideia de “confluência” formulada pelo pensador quilombola Antônio Bispo dos Santos — encontro que soma sem subtrair — para propor a mostra como um campo de escuta e coexistência, em que as águas são entendidas como seres vivos, portadores de direitos e memórias, mas também como testemunhas de passados coloniais e agentes de transformação.As obras abordam questões ligadas à escassez, à contaminação, às infraestruturas e às possibilidades de reparação. Barbara Kairos, artista de Angoulême, na França, reelabora criticamente a história do “jacaré do Tietê”, transformando um episódio da memória urbana em alerta sobre a política das águas. A também francesa Capucine Vever, que pesquisa a paisagem fluvial e suas camadas coloniais, parte de arquivos e da escuta do rio Garona para aproximar imagem e história.