A exposição traz uma retrospectiva da vida e obra de Alexandre Herchcovitch, um dos mais importantes nomes da moda brasileira. A mostra conta com curadoria de Maurício Ianês. Alexandre Herchcovitch se tornou, através de um trabalho único, subversivo e impecável em termos de acabamentos e modelagens, o nome mais importante na história da moda brasileira, tendo alcançado grande relevância também no cenário internacional. Ao longo de trinta anos, o estilista desfilou suas coleções nas semanas de moda de Londres, Paris e Nova York, além, claro, nas de São Paulo e do Rio de Janeiro.Nascido em 1971 na capital paulista, filho de imigrantes judeus de segunda geração, iniciou cedo a sua carreira. Regina Herchcovitch, sua mãe, ensinou o filho a costurar, e ele logo pôs suas ideias em prática ao criar roupas para ela. No fim da adolescência, desenhou uma caveira, que, junto da sua assinatura, se tornou a sua primeira logomarca. Inspirada em desenhos de livros de anatomia, foi também a sua primeira estampa, um ícone da sua produção que é utilizado – e desejado – até os dias de hoje.Em sua carreira estrelada, nunca deixou de prezar por sua família, seu círculo de amigos e sua origem judaica. De uma forma ou de outra, a estética das mulheres judias religiosas da Europa Central e do Leste, e as roupas dos Haredim (judeus ultraortodoxos) se misturaram a macacões sadomasoquistas, sapatos de saltos altíssimos, roupas de látex, vestidos de cetim de seda desconstruídos, lingeries, babados inspirados por Carmen Miranda, burkas, sempre com um pé nas comunidades alternativas que o receberam quando era jovem. Partindo dessa forte influência judaica em diálogo com várias outras perspectivas e identidades, Alexandre, que nunca foi religioso, ocupou um lugar único na moda.A exposição que celebra seus (mais de) trinta anos de carreira apresenta ao visitante um panorama que tem como base a palavra aramaica bereshit, primeira palavra que se lê na Torá, que significa “no início”, e tem suas origens na palavra resh, no aramaico, ou rosh no hebraico, que remetem à “cabeça”. No início, na cabeça, um universo múltiplo é criado e posto em movimento. É a partir desse conceito que se desenvolve esta primeira mostra deste criador que pôs em movimento um universo muito pessoal e abraçou seu tempo com um olhar no futuro.